O Rio de Janeiro e a Proclamação da República

No dia 15 de novembro de 1889, o Marechal Deodoro da Fonseca, com o apoio de republicanos, assinou o manifesto proclamando a República no Brasil e instalou um governo provisório. Após 67 anos, a monarquia chegava ao fim. No dia 18 de novembro, D. Pedro II e a família imperial partiam rumo à Europa. Tinha início a república Brasileira com o Marechal Deodoro da Fonseca assumindo provisoriamente o posto de presidente do Brasil. A partir de então, o país seria governado por um presidente escolhido pelo povo através das eleições. Foi um grande avanço rumo a consolidação da democracia no Brasil.

No Rio de Janeiro, durante a primeira década republicana, a cidade passou pelo momento mais turbulento de sua existência. Mudanças de caráter econômico, social, político e cultural se intensificaram como o novo regime político, deixando a então capital federal em uma fase de turbulenta agitação. Por ser o centro econômico e político, a capital federal foi a que mais sentiu as mudanças do novo regime, desde o último acontecimento, a  abolição da escravidão (1888) , lançou na sociedade as mais variadas etnias que se misturaram a elite dominante. A então mão de obra escrava. agora ingressada no mercado livre, engrossou o contingente de desempregados, provocando a  migração para as plantações de café e influenciando para a imigração. A população do Rio de Janeiro era composta pelos mais distintos habitantes: ladrões, prostitutas, malandros, desertores do exército, ciganos ambulantes, jogadores, engraxates, etc., estes habitantes eram os principais responsáveis pela criminalidade, sendo responsáveis por 60% das prisões na época. A este problema juntava ainda o saneamento precários, os surto de epidemia de varíola, tuberculose, malária e febre amarela.

A população não participava diretamente nas escolhas dos candidatos,o autoritarismo era constante, já que os prefeitos e os chefes de policia eram nomeados pelo presidente. O governo queria transformar a cidade do Rio de Janeiro semelhante à capital francesa, Paris, fato que afastou a população pobre para os morros cariocas, formando cortiços, onde a cultura se diferenciava da capital, dando início ao fanatismo pelo futebol e o carnaval.

Bandeira atual do Brasil,e na época do Império.

Pintura sobre a Proclamação da República, Marechal Deodoro da Fonseca

A República gerou pouca participação do eleitorado brasileiro, já que o o sistema político impedia que analfabetos votassem (a maioria da população), na verdade, o brasileiro não tinha nenhuma participação nos negócios públicos, era um país sem cidadãos, onde apenas a burguesia era de fato quem discutia todos os assuntos políticos. No censo de 1893, a população do Rio era composta por 515 mil eleitores, excluindo os menores de 21 anos, as mulheres e os analfabetos , restavam apenas 109 mil que podiam votar, ou seja, mais de 80% da população não votavam!!!

Estrangeiros franceses que estavam na cidade durante os acontecimentos da Proclamação da República, disseram que o " o povo assistiu a tudo bestializados", parecia que "não havia povo no Brasil"... Mas quando se fala em festas, mostra um povo mais unido, sendo preciso uma verdadeira "operação de guerra" para garantir a segurança de todos no local. Todos participavam das festas: mendigos, banqueiros, desconhecidos, figuras políticas, etc. e, na hora de o povo se unir pra valer, como na Revolta da Vacina, percebeu-se uma completa desorganização do povo e a falta de total interesse da população. Resumindo, segundo os estrangeiros franceses que assistiram a todos os acontecimentos, parecia que a República no Brasil "não era pra valer", e que o povo "não levava nada à sério", palavras de estrangeiros... Será que é  deste jeito mesmo que " o povo lá fora" enxerga o Brasil?

Fonte: Os bestializados, O Rio de Janeiro e a República que não foi. José Murilo de Carvalho. Ed. Companhia das Letras.1987.

Para saber mais: 

UOL educação