Para entender um pouco como funciona o tráfico de drogas nos morros cariocas, dê uma olhada no infográfico abaixo:
Para visualizar melhor aumente ou diminua o zoom clicando na figura com o botão direito do mouse.
O surgimento dos morros cariocas
Para entendermos como o Rio de Janeiro chegou a este ponto, precisamos compreender a origem dos morros, já que, nesta guerra que está sendo travada atualmente, a geografia da região é o grande trunfo dos traficantes. A cidade do Rio de Janeiro possui uma geografia de muitos morros, desde a formação da cidade e sua designação como capital do Brasil, a partir da vinda da familia real em 1808, o nossos governantes, implantaram um sistema para embelezar a capital do nosso país, desta maneira os cidadãos cariocas menos desfavorecidos foram se afastando da capital em direção as áreas mas remotas e menos habitadas: os morros. O fato é que, o governo queria transformar a cidade do Rio de Janeiro, então capital federal, em uma Paris ao estilo de belle époque e com isso os principais pontos turísticos da cidade começaram a tomar forma do que é hoje o Rio, elitizando a cidade, de forma que ficava cada vez mais difícil aos menos desfavorecidos (ex-escravos, mendigos, pobres, etc) de morar em uma cidade que ficava cada vez mais cara de se viver. A solução: "fugir" para os morros, onde era possível viver sem o "incomodo" do governo e sem "manchar" a aparência da cidade. Dentro destes morros se misturavam várias povos: índios, ex-negros escravos provenientes de várias partes do continente africano e pessoas procuradas pela justiça (ladrões, trapaceiros, caloteiros,etc). Muitos cortiços foram construídos e diversas culturas se misturavam gerando um cidade dentro de outra cidade. O difícil acesso e medo da elite em acessar os morros propiciou para os traficantes se estabelecerem e delimitarem a região, criando suas próprias leis e barreiras para dificultar ainda mais o acesso das autoridades, impedindo a polícia de controlar a região. É claro que a corrupção dos governantes e de autoridades policiais cooperou para o tráfico tomar o controle, juntando com o medo da população, chegando a este caos que a muito tempo assola a cidade carioca.
Dentro destes morros surgiu um pouco do que hoje seria a nossa identidade cultural, já que diversas festas eram promovidas pela população, o que dará origem futuramente ao carnaval e também ao fanatismo pelo futebol.
Para saber mais da origem da cidade do Rio de Janeiro clique na imagem abaixo e leia o post sobre a Proclamação da República:
O Rio de Janeiro hoje
O Rio de Janeiro sempre viveu em uma espécie de "guerra civil", já que a guerra pelo tráfico divide populações inteiras que são proibidas de se locomoverem por outros morros, correndo o risco de serem assassinadas por traficantes de morros rivais. Com a grande quantidade de dinheiro gerado pelo tráfico de drogas e a intensificação da rivalidade entre os traficantes, o armamento destes bandidos também evoluiu, já que a guerra pelo tráfico acontece tanto contra a polícia, quanto entre as disputas por novos pontos de drogas, fazendo com que armas de uso restrito do exército caiam nas mãos dos traficantes, aumentando ainda mais o poder de fogo dos criminosos.
Clique na imagem abaixo e veja uma comparação entre o armamento dos traficantes com o armamento da policia e analise o poderio bélico de ambos.
A cronologia da guerra contra o tráfico
Confira data a data a evolução da guerra no morro do Alemão:
21 de nov. O Rio sofreu uma série de arrastões. Um deles aconteceu por volta das 20h nas imediações do Palácio das Laranjeiras, sede do governo do Estado. Em um Peugeot, quatro homens armados com pistolas fecharam a rua Presidente Carlos Campos, no bairro Laranjeiras, e roubaram pertences de ocupantes de três veículos. Foram levados bolsas, celulares e relógios.
Na rua Bogari, na Lagoa, outra região nobre da capital fluminense, quatro homens também armados abordaram três carros por volta das 22h e levaram até as chaves dos veículos, além dos pertences dos ocupantes.
O Rio enfrenta arrastões em série, desde o fim de setembro. O problema tem sido atribuído à implantação das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) em parte das favelas, com a consequente expulsão de integrantes das quadrilhas de traficantes.
22 de nov. Criminosos voltaram a fazer ataques no Rio de Janeiro, incendiando três carros e atirando contra uma cabine da Polícia Militar, em dois pontos diferentes da zona norte da cidade, ambos em vias expressas.
O ataque à cabine, do 3º Batalhão da PM, aconteceu pouco após as 22h, em um acesso da avenida Dom Hélder Câmara à avenida Governador Carlos Lacerda (Linha Amarela), próximo ao shopping Nova América.
Neste fim de semana, a Polícia Civil teve mais informações de que as facções estariam negociando uma união para enfrentar os policiais, e que teriam se reunido no sábado na Rocinha (zona sul), que já foi do CV, mas na última década passou a ser dominada pela ADA. Há duas semanas, o CV entrou em guerra com outra facção, TCP (Terceiro Comando Puro) para tentar tomar favelas em torno de Madureira (zona norte), mas desistiu, depois que um dos seus chefes --Valmir Bernardo da Silva, conhecido como Parazão-- foi morto e decapitado na tentativa de invasão.
23 de nov. No terceiro dia de ataques no Rio de Janeiro, a Polícia Militar do Estado informou no final da tarde desta terça-feira (23) que das 11 pessoas presas durante operações em 18 favelas da região metropolitana da capital, cinco permanecem detidas e seis já foram liberadas. Três criminosos morreram, segundo informações do coronel Lima Castro, coordenador de comunicação da polícia --um foi morto na favela da Mandela, outro na Vila Cruzeiro e o terceiro na Ilha do Governador. Desde domingo, criminosos têm incendiado e metralhado carros, além de promover ataques contra bases da polícia.
Em entrevista coletiva na tarde desta terça-feira, o secretário de Segurança do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, admitiu que duas facções do Estado, o Comando Vermelho e a ADA (Amigos dos Amigos), podem ter se associado para executar os recentes ataques à capital fluminense. Ainda segundo o secretário, uma pessoa presa em Copacabana, na zona sul, informou à polícia que a ordem dos ataques saiu de dentro de presídios para a Vila Cruzeiro, de onde foram repassadas para os criminosos.
24 de nov. O governo do Estado transferiu oito presidiários do Complexo Penitenciário de Gericinó, na zona oeste do Rio, para o presídio federal de Catanduvas, no Paraná, na noite desta quarta-feira (24). Eles são acusados de liderarem a onda de violência no Rio de Janeiro desde o último domingo.
Os presos estariam coordenando, de dentro da penitenciária, as ações de roubo e queima de veículos desde o último domingo (21), em vários pontos da região metropolitana do Rio.
O coronel Lima Castro disse que 1.625 viaturas fazem o patrulhamento, além de 190 motocicletas. Ele confirmou que amanhã (25) mais 60 viaturas circularão na região metropolitana. E que haverá um aumento de policiamento também nos bairros da Tijuca e do Méier, na zona norte da cidade.
25 de nov. O secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, afirmou nesta quinta-feira (25), após a megaoperação que tomou a favela da Vila Cruzeiro, na zona norte da capital, que o objetivo central das ações da polícia no Estado é o de tirar território do tráfico.
Beltrame disse ainda que ações estratégicas, com auxílio da Polícia Federal, estão programadas para esta sexta-feira (26). “A resposta virá de uma maneira arquitetada, firma e que produz o que todos nós queremos que é paz. A Polícia Militar está lá e não vai sair de lá”, completou o secretário. Segundo ele, a investida da polícia deixa os traficantes “vulneráveis, quando se quebra o muro imposto por arma de guerra”. “Demos um passo importante. Não há nada ganho”, afirmou.
26 de nov. O Exército já está posicionado para iniciar a operação de cerco e isolamento em 44 pontos do entorno do Complexo do Alemão e da Vila Cruzeiro. As informações foram passadas pelo general Fernando Sardenberg, da Brigada de Infantaria Paraquedista, em entrevista coletiva na tarde desta sexta-feira (26), ao lado do governador Sérgio Cabral e do ministro da Defesa, Nelson Jobim.Ao todo, foram mobilizados 800 homens e cinco blindados do modelo Urutu, o mesmo utilizado pelas Forças Armadas brasileiras no Haiti. O Exército também conta com jipes (o número não foi informado), que estão trazendo mantimentos e munições do quartel para reforçar os 44 pontos. Sardenberg informou ainda que os 800 homens são todos do Rio de Janeiro, não são de fora do Estado.
27 de nov. A polícia do Rio de Janeiro, que mantém um cerco ao conjunto de favelas do Alemão com veículos blindados e 800 homens do Exército, deu um ultimato neste sábado aos criminosos que se refugiam no local, após uma onda de violência que deixou ao menos 46 mortos na cidade nos últimos dias.A operação em torno do Alemão foi iniciada após a fuga em massa de dezenas de homens armados para a comunidade em consequência da tomada na quinta-feira pela polícia, com ajuda de veículos blindados da Marinha e fuzileiros navais, da favela Vila Cruzeiro, outro reduto dos criminosos acusados de comandarem a onda de ataques a veículos e alvos policiais na cidade.
28 de nov. As forças de segurança que entraram no Complexo do Alemão, dominado por criminosos ligados ao tráfico, fincaram uma bandeira do Brasil neste domingo (28) no topo de um dos principais redutos do crime na capital fluminense. Houve pouca resistência e os policiais começam a varredura casa a casa. Várias pessoas foram detidas e um arsenal, apreendido. No topo do morro, os policiais encontraram uma casa luxuosa onde viveria um dos chefes do tráfico da região. Banheira de hidromassagem, televisão de 40 polegadas e ar condicionado estavam à disposição dos criminosos em uma residência de dois andares. Antes deixarem o local, os bandidos balearam aparelhos domésticos e reviraram móveis.O helicóptero blindado sobrevoou a área fazendo voos rasantes. As mais de 40 entradas do Complexo do Alemão permaneceram cercadas e vigiadas pelas forças de segurança. O comércio continua fechado. Alguns moradores começam a retornar a suas casas, na base do morro do Areal. A maioria, ao que parece, prefere ficar dentro de casa.
29 de nov. Forças Armadas no Rio até 2011 - O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral afirmou que pedirá ao Ministério da Defesa que cerca de 2.000 homens das Forças Armadas permaneçam no Complexo do Alemão e na Vila Cruzeiro até, pelo menos, o fim do primeiro semestre de 2011, quando devem ser instaladas UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) nos locais. A Polícia Militar divulgou um novo balanço nesta segunda-feira sobre a megaoperação que acontece no Rio: desde a semana passada, 37 pessoas foram mortas e 123 foram presas.
30 de nov. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira (30) que as Forças Armadas continuarão no combate ao tráfico de drogas no Rio de Janeiro o tempo que for necessário, para garantir a paz. Lula concedeu entrevista hoje depois de visitar o canteiro de obras da usina hidrelétrica, no rio Tocantins, e ressaltou a parceria entre os governos do Estado e federal.
Fonte da matéria :
0 comentários:
Postar um comentário